terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma foto do Brasil: com meia dúzia de verdades, professora cala deputados

O ESTADO DE S. PAULO, Dora Kramer, 20 de maio de 2011


No dia 10 de maio, uma professora, Amada Gurgel, falou em audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte meia dúzia de verdades que desenharam em parte o cenário da educação no País.

Às autoridades presentes restou o silêncio diante das palavras de uma brasileira angustiada.

As seguintes:

"Durante cada fala aqui eu pensava em como organizar a minha fala. Porque são tantas as questões a serem colocadas e tantas as angústias do dia a dia de quem está em sala de aula, que eu queria pelo menos conseguir sintetizar minimamente essas angústias. "Como as pessoas sempre apresentam muitos números e dizem que eles são irrefutáveis, eu gostaria também de apresentar um número que é composto por três algarismos apenas, bem diferentes de tantos números que são apresentados aqui com tantos algarismos: é o número do meu salário, R$ 930, com nível superior e especialização. "Eu perguntaria a todos aqui, mas só respondam se não ficarem constrangidos, se vocês conseguiriam sobreviver ou manter o padrão de vida que vocês mantêm, com esse salário. Certamente não conseguiriam. "Não é suficiente nem para pagar a indumentária que os senhores e as senhoras utilizam para poder frequentar esta Casa. A minha fala não poderia partir de um ponto diferente, porque só quem está em sala de aula, só quem pega três ônibus por dia para chegar a seu local de trabalho é que pode falar com propriedade. "Fora disso, qualquer consideração aqui é apenas para mascarar uma verdade visível a todo mundo: em nenhum governo, em nenhum momento no nosso Estado, na nossa cidade, no nosso país a educação foi uma prioridade. "Então, me preocupa muitíssimo a posição da maioria, inclusive da secretária (de Educação) Betânia Ramalho, de não falarmos sobre a situação precária porque isso todo mundo já sabe. "Como assim, não vamos falar da situação precária? Gente, estamos aceitando a condição precária da educação como uma fatalidade? "Estão me colocando dentro de uma sala de aula com um giz e um quadro para salvar o Brasil, é isso? "Salas de aulas superlotadas com os alunos entrando com uma carteira na cabeça porque não têm carteiras nas salas e sou eu a redentora do País? Não tenho condições, muito menos com o salário que recebo.

"A secretária disse que não podemos ser imediatistas, que precisamos pensar a longo prazo. Mas a minha necessidade de alimentação é imediata. A minha necessidade de transporte é imediata, a necessidade dos alunos de ter uma educação de qualidade é imediata.

"Eu gostaria de pedir aos senhores que se libertem dessa concepção extremamente equivocada, e digo isso com mais propriedade do que os grandes estudiosos: parem de associar a qualidade da educação com professor dentro da sala de aula.

"Não há como ter qualidade em educação com professores trabalhando em três turnos seguidos, multiplicando seus salários: R$ 930 de manhã, R$ 930 de tarde, R$ 930 de noite para poder sobreviver. Não é para andar com bolsa de marca nem para usar perfume francês.

"É para pagar a alimentação de seus filhos, para pagar a prestação de um carro que muitas vezes compram para se locomover mais rapidamente entre uma escola e outra.

"Não me sinto constrangida de apresentar meu contracheque, porque penso que o constrangimento deve ser de vocês.

"Lamento, mas deveriam todos estar constrangidos. Entra governo e sai governo e o que se solicita de nós é paciência e tolerância.

"Quero pedir à secretária paciência também porque nós não aguentamos mais esse discurso.

"Não podemos ser responsabilizados pelo caos que na verdade só se apresenta para a sociedade quando nós estamos em greve, mas que está lá todos os dias dentro da sala de aula, em todos os lugares.

"São muitas questões mais complexas que precisariam ser postas aqui. Mas infelizmente o tempo é curto e é isso que eu gostaria de dizer em nome dos meus colegas que pegam três ônibus para chegar ao local de trabalho, em nome dos estudantes que estão sem aula agora por causa da greve, mas que ficam sem aula por muitos outros motivos."

É isso. Embora não seja apenas isso.


Para ver o depoimento
da professora Amanda Gurgel
em vídeo, clique aqui

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O Improvável Corte do Custeio em R$ 50 bilhões

BLOG DO MANSUETO ALMEIDA, 10 de fevereiro de 2011


Por Mansueto Almeida

O Ministério da Fazenda surpreendeu a todos e anunciou um corte de R$ 50 bilhões no gasto público. Sim, surpreendeu a todos com o tamanho do corte, mas não disse de onde vai cortar e, assim, por enquanto, o que foi anunciado não passa de palavras ao vento. Eu gostaria de estar errado, mas confesso que o que foi dito na entrevista coletiva é muito mais uma carta de boas intenções do que o detalhamento de medidas concretas que todos esperavam.

Teria sido melhor se o Ministério da Fazenda tivesse divulgado um número menor e tivesse especificado, exatamente, de onde vai cortar ao invés de divulgar um número cabalístico de R$ 50 bilhões que, por enquanto, não passa de uma vaga promessa.

Vamos ver cada uma das medidas anunciadas e fazer as malditas contas:

(1) Primeira medida: o primeiro foco do ajuste fiscal será na folha de pagamentos, um dos maiores gastos da União. Para tanto, o governo está contratando junto à Fundação Getúlio Vargas (FGV) uma auditoria externa na folha de pagamentos para detectar incorreções.

Isso chega a ser brincadeira de mau gosto. No âmbito de estados e municípios, no pasado, isso fazia até sentido quando a contabilidade pública era rudimentar e existiam funcionários fantasmas. Mas no caso do Governo Federal que tem o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) é muito improvável que haja “fantasmas” no serviço público federal, a não ser que o governo desconfie da lisura do governo Lula. Os gastos com pessoal aumentaram não por causa de fraudes, mas porque o governo Lula aumentou os salários e contratou mais funcionários. Ao longo de oito anos do governo Lula, o gasto com pessoal ficou entre 4,30% (2005) e 4,76% do PIB (2009), terminando em 4,55% do PIB, em 2010. O peso da folha de pessoal do governo federal poderia ter sido muito menor se os aumentos ao setor público tivessem sido mais seletivos, mas acho difícil e improvável que haja fraudes que exija uma auditoria externa da FGV.

(2) A ministra também disse que novas contratações no setor público serão olhadas com lupa e que não há neste momento qualquer medida para elevação dos valores pagos para os funcionários em cargo em comissão.

Não sei dizer se a suspensão de concursos públicos é uma medida boa ou ruim, já que há órgãos com excesso de funcionários e outros com carência. A Ministra deveria ter dito quais carreiras não precisam de novos funcionários e aquelas que ainda precisam de funcionários, até porque há ainda uma parte de terceirizados que têm que ser substituídos por funcionários concursados. De qualquer forma, a economia possivel destas medidas é mínima neste ano. Assim, não vai ajudar muito no esforço de R$ 50 bilhões anunciado.

Quanto aos cargos de DAS (comissão dos cagos de direção do serviço público federal), duvido que não haja um aumento pelo seguinte motivo: os cargos de comissão no legislativo aumentaram muito. Um assessor técnico hoje no legislativo (sem vinculo com o setor público) ganha uma comissão de R$ 16 mil. Se você tiver vinculo no executivo, seu salário mensal aumenta em R$ 10 mil. O salário do Secretário de Política Econômica, DAS-6, é de R$ 11.179,36 (sem vinculo com o setor público). Ou seja, do ponto de vista estritamente financeiro, vale mais assessorar um Senador da República do que ser Secretário de Politica Econômica.

(3) Segundo a ministra do planejamento, há a intenção de publicar um decreto reduzindo em 50% em termos nominais as despesas com viagens e diárias.

Impressionante? Acho que não. Algum de vocês sabem o potencial de economia decorrente dessa medida? OK, vamos aos números. Em 2010, o governo federal gastou R$ 976,9 milhões com passagens e despesas com locomoção; R$ 1,04 bilhão com diárias de pessoal civil e mais R$ 220,2 milhões com diárias de militares. Somando tudo temos R$ 2,2 bilhões. Uma redução de 50% significa um economia potencial de R$ 1,1 bilhão, ou apenas 2% do que foi anunciado (R$ 50 bilhões). como falam meus amigos americanos: “No big deal”.

(4) PAC não sofre corte: Ministra do Planejamento afirmou ainda que não haverá corte no Orçamento do PAC nem adiamento na execução das obras. Segundo ela, a maior parte do corte anunciado nesta quarta será no custeio como, por exemplo, na redução das despesas com telefonia, energia elétrica, água e consumo de materiais, em geral.

Não quero ser pessimista, mas isso é impossível. Vou repetir: é impossível um corte de custeio de R$ 30 bilhões, R$ 40 Bilhões ou R$ 50 bilhões de um ano para outro. Um corte de custeio dessa magnitude só seria possível se o governo deixasse de pagar dividas judiciais, cortasse a compra de várias despesas do SUS, não pagasse despesas de indenizações e restituições, etc. Serei mais específico correndo o risco de ser chato.

(a) quais as principais despesas de custeio?

A tabela abaixo detalha as principais despesas de custeio, todas aquelas que em 2010 foram acima de R$ 1 bilhão. O total das principais despesas de custeio foi de R$ 194,5 bilhões. Assim, poderia parecer que um corte de R$ 50 bilhões em cima de R$ 194 bilhões, um corte de 25%, seria factivel.

Um momento! Os ministros falaram que não iriam cortar gastos sociais. Vou supor que educação é saúde entram na conta de gastos sociais. Assim, vamos fazer algumas correções nesta conta.

Principais Despesas de Custeio - R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(b) Principais despesas de custeio para saúde e educação

A tabela abaixo é a mesma tabela do custeio acima, mas apenas para gastos com educação e saúde. Como se observa, algumas contas de custeio como “material de consumo” e “contribuições” são na sua maioria gastos com a função saúde e educação.

Principais Despesas de Custeio - R$ bilhão (2010) – Função Saúde e Educação
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(c) Se retirarmos das principais despesas de custeio os gastos com saúde educação restam R$ 122,4 bilhões, ao invés dos R$ 194,5 bilhões iniciais.

Principais Despesas de Custeio menos despesas com Saúde e Educaçã0- R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

(d) Resultado Final: No entanto, há ainda algumas contas que não serão objetos de cortes (ver despesas acima em amarelo): (i) LOAS (Beneficio Mensal ao Deficiente e ao Idoso); (ii) Bolsa-familia (outros auxílios financeiros a pessoa física); (iii) auxilio financeiro a estudantes; e (iv) seguro-desemprego e PIS/PASEP (outros benefícios de natureza social).

O governo falou que iria aumentar o controle dessa ultima conta, mas é muito difícil por fiscalização diminuir a rotatividade do mercado de trabalho. No Brasil, com o mercado de trabalho aquecido, infelizmente, aumenta a rotatividade da mão-de-obra e o seguro-desemprego aumenta, ao invés de diminuir. Fazendo mais essas correções restam apenas R$ 53,7 bilhões de custeio, em 2010, para cortar os R$ 50 bilhões.

Principais Despesas de Custeio sem gastos com educação, saúde, gastos sociais- R$ bilhão (2010)
Fonte: SIAFI , Elaboração: Mansueto Almeida

Infelizmente, o corte das despesas anunciado nesta quarta-feira não é possível e o governo está se desgastando com esse tipo de medida sem necessidade. O resultado fiscal este ano será melhor do que no ano passado, mas esqueçam o corte anunciado de R$ 50 bilhões concentrado apenas em custeio, sem sacrificar investimentos e gastos sociais. Simplesmente não é possível.

A propósito, em 2003, o primeiro ano do governo Lula, o ajuste fiscal foi feito em grande parte em cima do investimento público que foi cortado em 50%. Quem era o Ministro do Planejamento na época? Um economista chamado Guido Mantega, que agora ocupa a pasta da Fazenda e sabe que não se consegue cortar muito o custeio de um ano para outro.

Mais uma vez, gostaria de estar errado sobre tudo que falei acima, mas o simples fato de o governo não ter divulgado quais as contas específicas que sofrerão cortes, dá a impressão que o anuncio de restrição fiscal não passa de um conjunto de intenções.

Desculpem a análise longa e chata.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

No Blog da Dilma, um feroz ataque a Marina Silva

MARINA SILVA, a traíra
Blog da Dilma


Marina Silva é uma grande traidora. Traiu o povo brasileiro quando se posicionou contra o crescimento do país. Traiu o presidente Lula. Traiu o PT. Traiu também a memória de Chico Mendes quando se uniu àqueles que, disfarçadamente, alegraram-se com a morte do grande líder seringueiro. Marina Silva jogou no lixo uma biografia de defensora dos povos da floresta, defensora da Amazônia. Traiu por despeito e por vingança. Ela alimentava esperanças de que o presidente Lula a escolhesse para ser sua sucessora, e quando percebeu que não seria a escolhida deu o bote tal qual uma cascavel. Marina não foi escolhida pelo presidente Lula porque não tem capacidade, conhecimento e caráter para governar um país, porque não seria capaz de manter a política econômica de crescimento e desenvolvimento, não conseguiria gerir os programas sociais do governo. Não seria capaz de entender a importância das descobertas no Pré-Sal pela Petrobras, nem conseguiria atribuir tais riquezas ao povo. Marina Silva, é óbvio, não vai para o segundo turno, mas vai para o colo do Serra /PSDB/DEM, que ela combateu nos 30 anos em que esteve no PT. Marina mostra que não tem pudor nem ideologia, é só uma ecochata fazendo o jogo sujo do poder por despeito e vingança. Está se vingando do presidente Lula porque não a escolheu, pouco se lhe dá prejudicar o país e milhões de brasileiros, desde que alcance seu seu objetivo de vingança. Marina é muito religiosa, ligada à Assembléia de Deus, mas não é nenhuma santa. É apenas uma traíra.


Jussara Seixas - editora do Blog da Dilma e coeditora do Terra Brasilis.


Abaixo, o registro da página do Blog da Dilma. Para ver a imagem maior, clique em cima dela



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Por que quero ser presidente?

José Serra (PSDB)

O jornal O Globo fez essa pergunta aos três principais candidatos à presidência da República. Esta é a resposta de José Serra. A resposta de Marina Silva (PV) está aqui. A petista Dilma Roussef foi convidada na mesma data e se recusou a participar.


"Eu quero ser presidente do Brasil para materializar um compromisso que tenho desde a minha juventude, e ao longo de toda a minha vida pública: a abertura de oportunidades para os brasileiros, de todas as idades, de todas as regiões do país. Abertura de oportunidades na vida, para que as pessoas possam crescer, prosperar, para que as famílias sejam mais felizes. Parece idealismo? Não. Acho que a gente pode caminhar muito nessa direção.

Estou convencido de que o Brasil pode mais. O Brasil já andou bastante nas últimas décadas, mas ele pode mais. Pode mais na segurança, que é uma área de muita preocupação para todos os brasileiros e brasileiras. A segurança é um problema grave no Brasil, e que tem ficado só por conta dos estados. Acho que o governo federal tem que entrar nessa área como corresponsável (…). Outra área em que o governo pode e tem de oferecer mais à população é a saúde, (…) Há alguns anos eu fui ministro da Saúde. Demos um grande impulso na Saúde. Esse impulso, ao longo do tempo, esmoreceu. Não é que andou para trás, mas é que as necessidades andaram mais para a frente. E é muito importante. É uma coisa que dá para avançar muito.

Vou dar um exemplo: no Brasil do futuro, das oportunidades, nenhuma mulher de 45 anos pode se privar de uma mamografia, na questão do câncer dos seios. Por exemplo, essa tem que ser uma meta: todas no Brasil examinadas. Dá para fazer? Eu sei que dá. Precisa ter recursos, (mas também) capacidade de organização, entusiasmo, eficiência.

(…) Outra área essencial para o nosso país é a educação e, principalmente, a educação para o trabalho. Ter escolas técnicas, e ter também formação profissional. (…) É possível também fazer cursos mais curtos para as famílias mais necessitadas. Por exemplo, aquelas que estão no Bolsa Família, que têm os seus jovens aí sem muita oportunidade para o futuro. Esse é, aliás, um programa que vamos reforçar e vincular à saúde, à educação, principalmente à educação também para o trabalho. São três áreas essenciais.

E duas delas, como a saúde e a segurança, têm muito a ver com um problema que envolve as duas áreas, que é a droga, que é o crack, que é um fenômeno nacional. (…) Outro aspecto fundamental, para mostrar que o nosso país pode mais, é a questão de infraestrutura — estradas, portos, aeroportos. Portos e aeroportos estão numa situação muito insuficiente para o nosso país. Por que eu quero ser presidente? Porque tenho a convicção de que posso ser decisivo num processo de avanço do Brasil. Pelo meu compromisso de vida, que vem desde a época em que eu fui dirigente estudantil, morando, aliás, no Rio de Janeiro, presidente da União Nacional dos Estudantes. Depois quando fui secretário, deputado constituinte, senador, ministro do Planejamento, ministro da Saúde, prefeito de São Paulo, governador de São Paulo. Pode-se olhar minha vida para trás e vai-se constatar que é uma vida empenhada nessa direção, inclusive, por todas as coisas que eu materializei, que fiz acontecer no meu passado, e muitas delas, novas, eu quero fazer acontecer no futuro."

Por que quero ser presidente

Marina Silva (PV)

O jornal O Globo fez essa pergunta aos três principais candidatos à presidência da República. Esta é a resposta de Marina Silva. A resposta de José Serra (PSDB) está aqui. A petista Dilma Roussef foi convidada na mesma data e se recusou a participar.


"Ser presidente da República é a oportunidade de você juntar o que há de melhor no país a serviço do país. Quando eu penso em ser presidente da República, a primeira coisa que penso é isso: na produção que nós temos ao longo de todos esses anos, de séculos, do que foi acumulado positivamente, falando na economia, na cultura, na política, na ética, nas artes, na espiritualidade, e (penso) que tudo isso possa se encontrar num projeto que, com base naquilo que a tecnologia e a ciência podem nos suportar e nos dar de apoio, possa se colocar a serviço da melhoria da vida das pessoas, do lugar onde a gente vive, que é o Brasil, e como esse lugar pode contribuir com o mundo. E obviamente que, pensando assim de forma tão ampla, você tem que traduzir isso do ponto de vista prático.

E traduzir na prática para mim não é difícil, porque, ao longo desses 52 anos de vida, transitei de A a Z neste Brasil profundo, Sempre digo que conheço as sinas dos que foram entendidos como indigentes nos hospitais do Brasil. E conheço o banco mais precário da escola do Brasil, que foi o Mobral, que foi a fresta por onde eu entrei. E conheço as universidades mais importantes do Brasil, as instituições de pesquisa, E sei que o que falta para este país é construirmos as oportunidades certas para os diferentes segmentos da sociedade (…) para que possamos desenvolver nossas potencialidades como povo, como nação, como a oportunidade econômica, social e cultural. Então, ser presidente da República, para mim, é tudo isso. Obviamente que um desafio como este não é um desafio de uma pessoa.

É o desafio de um povo, onde uma pessoa se coloca a serviço (desse povo). Em primeiro lugar, com uma nova visão. Uma visão nova de desenvolvimento, uma visão de economia que seja capaz de se pensar e integrar os fazeres dessa imensa diversidade brasileira. A economia é importante, mas ela se integra ao mundo das artes, da ciência, aos desafios sociais, aos desafios ambientais e culturais deste país. É como integrar tudo isso numa única equação que seja capaz de mudar o modelo de desenvolvimento, (…) de promover a inclusão e a justiça social, onde a educação possa se constituir como uma prioridade no decorrer do processo político.

(…) E, ao mesmo tempo, onde o grande desafio é fazer com que os brasileiros e as brasileiras possam estar mobilizados em torno de um novo projeto. O Brasil vive o fechamento de um ciclo, que é esse ciclo de 16 anos, e está pronto para a abertura de novo ciclo. Da mesma forma que fomos capazes de abrir o ciclo da industrialização, com JK, hoje estamos aptos a abrir o ciclo da revolução na educação e tirarmos todo o atraso que um país como o nosso, que é uma potência ambiental, tem em relação ao conhecimento, à tecnologia, à inovação, e a integrar tudo isso ao melhor da tradição. Porque não vejo uma separação entre aquilo que o povo sabe como experiência e aquilo que o povo sabe como ciência. Então, pretendo fazer juntando essas duas coisas: tradição e modernidade numa mesma equação, para que a gente possa ter um Brasil mais justo, mais fraterno, mais democrático e feliz."

domingo, 6 de junho de 2010

Frases do presidente Lula

Um apanhado de frases do presidente que mais falou besteiras na história deste país

SENSIBILIDADE

Estou vendo aqui companheiros portadores de deficiência física.

Estou vendo o Arnaldo Godoy sentado, tentando me olhar, mas ele não pode me olhar porque ele é cego.

Estou aqui à tua esquerda, viu, Arnaldo!

Agora, você está olhando pra mim...

Fonte: Site da Radiobras, 27/06/2003.



O ESTRATEGISTA

Não adianta ter um bando de generais e de soldados.

Falando no Clube do Exército em 15 de dezembro de 2003.

Fonte: Informativo do Exército Brasileiro, 17/12/2003 e vários jornais



QUESTÃO DE MÉRITO

Não é mérito, mas, pela primeira vez na história da República, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário.

Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais.'

Fonte:Primeira Leitura 13/09/2003 e Radiobrás



PORTUNHOL

'Estou otimista porque estamos reduzindo as taxas de interesses dentro do Brasil.'

Falando à Cúpula das Américas em Moterrey, a 13 de janeiro de 2004.

Tasa de interés' significa, em espanhol, taxa de juros. Taxas de interesse não significa nada em língua alguma.

Fonte: Estadão -13 de janeiro de 2004



BOA OPORTUNIDADE

Há males que vêm para bem.

Ao agradecer ao presidente da Rússia pelo apoio que seu país estava dando às

investigações do acidente de Alcântara, quando morreram 19 técnicos.

Fonte: Vários jornais



PRECISÃO MATEMÁTICA

Aprendi a contar até dez, apesar de só ter nove dedos, que é para não cometer erros. Um erro em qualquer outro governo é mais um erro.

No nosso, não pode acontecer.

Lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar, em 24/07/2003).

Fonte: Vários jornais



O ONIPOTENTE

Não tem geada, não tem terremoto, não tem cara feia.

Não tem Congresso Nacional, não tem um Poder Judiciário.

Só Deus será capaz de impedir que a gente faça este país ocupar o lugar de destaque que ele nunca deveria ter deixado de ocupar.'

Em discurso na CNI, Confederação Nacional da Indústria


LEGISLADOR

tem lei que pega e tem lei que não pega. Essa do Primeiro Emprego não pegou.

Fonte: www.estadao.com.br/ext/politica/palavra.htm



VÍTIMA

O bom de ser governo é do dia em que você é eleito até a posse.

Depois, é só problemas.

Discurso em 24 de março de 2004.


BÍBLICO

Se fosse fácil resolver o problema da fome, não teríamos fome. Deus pôs os pés aqui (no Brasil) e falou: Olha, aqui vai ter tudo. Agora, é só homens e mulheres terem juízo que as coisas vão dar certo.

Falando na abertura da Expo Fome Zero, em 10 de fevereiro de 2004

Fonte: Site da Radiobras, 10/02/2004


MODÉSTIA

Será o maior programa social já visto na face da Terra.

Falando no Pará sobre o Bolsa-Família, em 26 de fevereiro de 2004.

Fonte: FolhaonLine, 27/02/2004


PRODÍGIO

Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta.

Falando no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 2004.

Fonte: Radiobrás da data e vários jornais.


ORADOR SUTIL

Estou com uma dor no pé, mas não posso nem mancar, para a imprensa não dizer que estou mancando porque estou num encontro com os companheiros portadores de deficiência.

Encontro com atletas paraolímpicos, em dezembro de 2003.

Fonte: Unifolha de Campo Grande, 02/12/1002 e Tribuna da Imprensa, 04/12/2003.


OLÍMPICO

O objetivo (desta competição) é conquistar vagas para os jogos paraolímpicos de Antenas (sic), em 2004, nas modalidades basquete, vôlei masculino e feminino e adestramento. E aumentar a quantidade de vagas em atletismo, natação, ciclismo e esgrima'.

Todos vocês vão competir a uma vaga para Antenas (sic)?

E quem é que acha que vai ganhar?

Levante a mão aí para ver.

Fonte: Unifolha, 02/12/2003



GAFE ETÍLICA

Um brinde à felicidade do presidente Al Assad.

O presidente sírio não se levantou nem ergueu a taça porque os muçulmanos

não ingerem bebidas alcoólicas.

Fonte: Tribuna da Imprensa, 04/12/2003



NOVA HISTÓRIA

Quando Napoleão foi à China.

Citado por Miriam Leitão, em O Globo, 01/05/2004 e lido em vários jornais



POTÊNCIA

'... a galega (a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva) engravidou logo no primeiro dia, porque pernambucano não deixa por menos'.

Na Fenadoce, em Pelotas, 17/06/2003.

Fonte: Vários jornais



HISTÓRICO

Daqui a dois ou três anos possivelmente não estaremos aqui, talvez sejam outros. E nem será o Tony Blair que estará convidando, será outra pessoa.

Em reunião de Chefes de Estado em Londres, onde o regime é parlamentarista e o mandato do primeiro-ministro não tem prazo para acabar.

O Globo, 15/07/2003 e jornais do mundo inteiro


DIPLOMACIA

Um país que constrói um monumento daquela magnitude tem tudo para ser mais desenvolvido do que é atualmente.

Na Índia, referindo-se ao Taj Mahal, em 29 de janeiro de 2004.

Citado por Miriam Leitão, em O Globo de 01/05/2004.


HOMENAGEM

Em qualquer lugar do mundo que eu vou, eu tenho que levar flores ao túmulo do herói nacional. No Brasil não tem.

Falando em 19 de julho de 2004 no lançamento da campanha

O melhor do Brasil é o brasileiro.

Fonte: Site da Radiobrás e vários jornais .



O FRASISTA

Pobre do país que precisa de heróis para defender a dignidade.

Pobre do país que precisa de mártires para defender a liberdade ou de mortos para defender a vida.'

Falando em 29 de junho, na abertura da Conferência Nacional dos Direitos Humanos.

Fonte: Site da Radiobras e vários jornais.


LÓGICA

O governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil.

1ª Conferência Nacional do Esporte, em 17 de junho de 2004.

Fonte: Folha de São Paulo, 18/07/2004



POÉTICO

O Atlântico é apenas 'um rio caudaloso, de praias de areias brancas', que une os dois países.

Falando no Gabão sobre a aproximação entre o Brasil e aquele país.

Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2004


TROCANDO DE CARRO

Cumprimento o presidente da Mercedes-Benz...

Pois eu quero dizer na frente do presidente da Mercedes-Benz (...)'

Falando no Palácio do Planalto, em 6 de fevereiro de 2 004, ao presidente mundial da General Motors, Richard Wagoner.

Fonte: Folha OnLine de 07/02/2004


METAFÓRICO

Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a um exame de próstata, não dá pra ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no cu da gente. Então, companheira, se é pra enfiar, é melhor que enfiem logo.

Diálogo com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, narrado na página 71 do livro “Viagens com o presidente”, de Eduardo Scolese e Leonencio Nossa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Trechos de "Viagens com o Presidente"

Trechos de "Viagens com o Presidente". O livro foi escrito pelos jornalistas Eduardo Scolese, da Folha de S. Paulo, e Leonencio Nossa, de O Estado de S. Paulo.


RELAÇÕES COM OS SUBORDINADOS
Numa tarde de calor infernal, o presidente Lula estava suado, abraçando e beijando admiradores numa cidadezinha da Bahia,e pediu uma toalha, com urgência. O ajudante de ordens ouviu e saiu meio desajeitado, lento, e Lula, irritado, comentou: "Olha o bundão, lá vai o bundão pegar a minha toalha". Ninguém estranhou. O governo mal começava, mas o descaso com as boas maneiras já era rotina no Planalto.

AINDA AS RELAÇÕES COM OS SUBORDINADOS
"Cadê as cartilhas, porra?" Esbraveja o Presidente da República. O ajudante de ordens tenta se desculpar. O Presidente está uma fera, elevando o tom da voz na frente de todos. Vermelho de raiva, Lula grita ao funcionário: "Como é que não trouxe as cartilhas, seu incompetente!"

LACAIOS COM DIPLOMA
"Tá vendo? Eu não tenho mesmo curso superior, mas quem carrega papel para mim tem.
Todos eles têm curso superior", disse Lula a um ministro, depois de receber um discurso das mãos de um assessor.

A SABEDORIA DA PRIMEIRA-DAMA
No final do primeiro ano de governo,Lula vai ao Egito e visita o Museu do Cairo. Naquele dia, o primeiro comentário ocorre quando é informado de que a tumba do faraó Tutancâmon foi a única entre as dos imperadores egípcios a resistir aos ataques de saqueadores:
- "Veja desde quando vem o crime organizado!" A seguir, é a vez da primeira-dama soltar a sua apreciação, ou ouvir do guia que os egípcios seguiam setenta mandamentos, e não apenas dez:
- "Imagine, setenta. É muito pecado!"

COMO DAR NOTÍCIAS
Lula, durante viagem ao Japão, a um assessor que queria fazer-lhe um relato das atividades da CPI dos Correios, nesse dia: "Deixa eu te dizer uma coisa, meu caro. É o seguinte.
Se você tiver que dar uma noticia ruim a um companheiro, não faça isso à noite, pelo amor de Deus. Se tiver passado das nove da noite, primeiro que não vai ter tempo para resolver mais nada naquele dia, e segundo, você ainda vai fazer o favor de estragar o sono do companheiro.
Ele não vai conseguir dormir mais com aquela coisa martelando na cabeça." O Presidente olha o assessor e solta mais uma preciosa dica: - "Ah, e de preferência também não dê uma notícia ruim a um companheiro pela manhã. Não dê, não dê. Isso vai fazer o companheiro começar o dia num baita mau humor. É horrível."

DISCUSSÃO CRÍTICA DA IMPRENSA
Na viagem que fez à Bolívia em janeiro de 2006, Lula fica irritado ao ler um artigo de jornal que aponta algumas falhas na política agrária do governo federal: - "Tem que mandar esse cara aqui tomar no cu. A gente aumenta o número de contratos da agricultura familiar, faz uma reforma agrária de qualidade e investe no agronegócio e ainda tem que ler isso aqui?"
-Ao notar o silêncio dos assessores, Lula prossegue o ataque:
- "Num caso como esse não tem jeito, meus caros, não tem jeito. Tem que mandar tomar no cu mesmo, não tem outro jeito."

VALE TUDO CONTRA ADVERSÁRIO
Numa sessão de cinema, no Palácio da Alvorada, num dos raros momentos em que o Presidente se dispõe a bater papo com senadores e deputados, ele foi questionado, em tom de brincadeira, pela senadora Ana Julia, do PT paraense.
--Presidente, diga para nós. O que existe de fato entre o senhor e o governador sergipano João Alves?
- "Eu sempre quis foder o João Alves. Já fiz aliança com todo mundo lá,com o Albano Franco, com o Almeida Lima. Eu faço aliança com qualquer um para foder o João Alves. Esse eu quero foder de qualquer jeito."

MANDANDO ENFIAR O DISCURSO
Na suíte presidencial de um hotel de Georgetown ao receber de um assessor o texto do discurso que fará sobre o combate mundial à fome.
Diante do Ministro Celso Amorim e de funcionários do Palácio do Planalto e do Itamaraty, o presidente folheia rapidamente a papelada e a arremessa a metros de distancia: - "Enfiem no cu esse discurso, caralho. Não é isso que eu quero, porra. Eu não vou ler essa merda. Vai todo mundo tomar no cu. Mudem isso, rápido."
"Mas isso também não basta para 'energizar' o presidente, por isso, a assessoria cria a 'hora da princesa'. De segunda a sexta, por volta das 15h, o gabinete é aberto para receber vereadores, antigos companheiros de sindicato, padres, princesas de festas regionais (daí o nome), empresários e pessoas simples que telefonam pedindo para tirar uma foto ao lado do presidente (...) Um assessor avalia: 'A hora da princesa é o momento depois do almoço para o presidente ganhar fôlego. As pessoas não entram no gabinete para pedir nada. Os abraços são gratuitos, fazem muito bem a ele. Podem chamar de populismo. (...) Após a hora da princesa, é outro homem'."

O MELÔ DO DIRCEU
"Nessa viagem ao Rio, o presidente está bem no estilo 'paz e amor' da campanha, com sua dose de animação um pouco além do habitual. Naquele dia, talvez por conta do esfriamento da crise política, resolve levar tudo aquilo na brincadeira. Em dado momento, para espanto e depois risos dos que o acompanham, o presidente caminha até a janela de seu luxuoso quarto e passa a cantarolar junto com os manifestantes o refrão de uma paródia feita para o ex-ministro da Casa Civil: 'Ei, José Dirceu, devolve o dinheiro aí, o dinheiro não é seu'. Saltitante, Lula repete o refrão com um sorriso aberto e os dedos indicadores para o alto como se estivesse num baile de Carnaval."

ACALMANDO A FERA COM CAFÉ E CIGARRILHA
"Lula não mede as palavras e fala o que quer (...). Embora não seja cordial como o antecessor, o presidente é visto com simpatia pelos seguranças por ter, segundo palavras dos próprios, a disposição de trabalho e o jeito durão de um militar. Não tem muita paciência. Para ele, tudo tem que ser na hora. Costuma estressar-se com auxiliares a qualquer vacilo. Fica nervoso, por exemplo, se vai a algum lugar que não tenha um café expresso à disposição. Ajudantes-de-ordens, assessores e seguranças sabem que o bom humor do presidente pode ir para o espaço se ele não conseguir fumar sua cigarrilha com uma xícara de café na mão."

"LÁ VEM O LEÃO"
"Nas viagens, em conversas pelo rádio, os seguranças recorrem a inúmeros códigos para garantir a integridade do chefe do governo. Em cada missão, o presidente é chamado por um apelido, geralmente em referência a mamíferos ou planetas (...). 'Lá vem o Leão', 'a Pantera está a caminho', 'Saturno tem pressa e está nervoso', o 'Eclipse apareceu'. Já a primeira-dama é muitas vezes chamada de 'Estrela' ou 'Damasco' (...). Os integrantes do Itamaraty têm um tratamento carinhoso e diferenciado, com direito até a nome de desenho animado. Diante da aproximação dos diplomatas, os seguranças comunicam os sinais de alerta: 'Lá vêm os Bambis' ou 'as Gazelas estão a caminho'."

EXAME DE PRÓSTATA COM A MINISTRA
"Numa audiência com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na época em que o governo começa a discutir a transposição de parte das águas do rio São Francisco, o presidente ouve a opinião contrária dela às obras e os argumentos favoráveis dos técnicos da área. Após ouvi-los, consola a ministra: 'Marina, essa coisa de meio ambiente é igual a um exame de próstata: não dá pra ficar virgem toda a vida. Uma hora eles vão ter que enfiar o dedo no c... da gente. Então, companheira, se é pra enfiar, é melhor que enfiem logo'. Lula, até para mostrar personalidade em relação aos 'estudiosos' e 'professores' do governo, leva para dentro do Planalto seu jeito descontraído, seu costume de falar palavrões."

O CIÚME DA PRIMEIRA-DAMA
"Marisa Letícia não se sente bem ao lado de seguranças. Se for mulher, pior ainda. Segurança mulher e ainda mais bonita, sem chance. No início do governo petista, uma militar alta e loira que fazia a segurança de Ruth Cardoso foi logo dispensada. A primeira-dama quer vê-las bem longe do marido (...). Ela gosta de cuidar da privacidade da família. Um exemplo disso ocorreu no início de governo, quando cortou as asinhas de alguns ajudantes-de-ordens que trabalhavam no Alvorada e se achavam no direito de circular livremente nas áreas privativas da residência. Marisa proibiu esse vaivém."

A "HORA DA PRINCESA"
"Mas isso também não basta para 'energizar' o presidente, por isso, a assessoria cria a 'hora da princesa'. De segunda a sexta, por volta das 15h, o gabinete é aberto para receber vereadores, antigos companheiros de sindicato, padres, princesas de festas regionais (daí o nome), empresários e pessoas simples que telefonam pedindo para tirar uma foto ao lado do presidente (...) Um assessor avalia: 'A hora da princesa é o momento depois do almoço para o presidente ganhar fôlego. As pessoas não entram no gabinete para pedir nada. Os abraços são gratuitos, fazem muito bem a ele. Podem chamar de populismo. (...) Após a hora da princesa, é outro homem'."

EU ODEIO O SUCATÃO
"A compra de um novo avião presidencial se tornou uma das obsessões do governo Lula. Uma prioridade. Mesmo ciente de que tal iniciativa poderia render-lhe um desgaste na opinião pública, por investir milhões de dólares na compra de uma aeronave diante de milhões de miseráveis no país, o presidente manifestava a certeza de que valia mesmo a pena arriscar. Tudo isso para se livrar do barulho e das constantes oscilações de temperatura no interior do Sucatão (...). Em solo, Lula dizia que o Boeing parecia um forno de microondas. No ar, segundo o presidente, um freezer ligado com a máxima potência."

A "SENZALA" DO AEROLULA
"Ao entrarem no Aerolula, ministros, assessores e demais credenciados encontram seus respectivos nomes em etiquetas coladas pela FAB em cada um dos assentos (...). Em conversas sem a presença do presidente, ministros e integrantes do alto escalão do governo chamam a parte traseira da aeronave de 'senzala', enquanto a cabine presidencial leva o apelido de 'casa-grande'. Ficar na senzala durante todo o vôo e não ser chamado por Lula para uma conversa na cabine presidencial é um sinal de falta de prestígio. Muitos preferem o constrangimento de se oferecer para uma conversa a correr o risco de serem ignorados por Lula na viagem."

DORMINDO NO CINEMA
"Logo na primeira sessão do cine Alvorada, Lula bola uma estratégia para evitar ao máximo o contato com os parlamentares. Chega ao local de exibição com um copo de uísque na mão já com o filme em andamento (...) Naquele dia, aos deputados e senadores ansiosos para pedir liberação de verbas para seus currais eleitorais, resta esperar o fim da sessão para falar com o presidente. Lula, que dormiu e roncou alto durante boa parte da exibição de Narradores de Javé, levanta-se rapidamente assim q ue o filme termina e numa tentativa inócua de ser sutil manda todo mundo embora de sua residência: 'Gente, vamos embora porque amanhã eu tenho muito o que fazer'."